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17 de outubro de 2018

Montado a Património Imaterial da Humanidade

A Entidade Regional do Turismo do Alentejo está a preparar uma candidatura do Montado a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, tendo decorrido, esta quinta-feira, 11 de Outubro, uma reunião de trabalho preparatória, nos Paços do Concelho de Ourique.

«O Montado é parte da nossa identidade. É fundamental para a criação do porco alentejano e para o nosso mundo rural. Tudo o que pudermos fazer para o valorizar em Portugal e no Mundo é positivo. Já temos o Cante Alentejano e os Chocalhos. Se somarmos mais marcas certificadas do nosso património, estamos a contribuir para sermos um território mais competitivo», considera Marcelo Guerreiro, presidente da Câmara de Ourique.

Esta reunião de trabalho serviu «para aprofundar aspetos da candidatura que, sendo aprovada, contribuirá para valorizar as marcas da nossa identidade, o nosso território e o nosso mundo rural», considera a autarquia alentejana.

Ourique «desenvolve, há mais de uma década, uma estratégia de afirmação da fileira do porco alentejano, que conta com uma particular atenção às questões relacionadas com o Montado, nomeadamente com as ameaças que se colocam à conservação e sustentabilidade das plantações, por via das doenças que afetam os espécimes e dos impactos das alterações climáticas», conclui a Câmara Municipal.

(Sul Informação)

30 de novembro de 2016

Câmara da Vidigueira prepara candidatura do Vinho da Talha a Património da Humanidade

A Câmara de Vidigueira vai liderar a candidatura do Vinho da Talha a Património da Humanidade em conjunto com os municípios de Moura, Cuba e Aljustrel.

O anúncio foi feito, em Conferência de Imprensa, pela vice-presidente da Câmara de Vidigueira. A par dos municípios, estão envolvidos cerca de 150 produtores, sobretudo de Vidigueira e Vila de Frades.

A Câmara de Vidigueira está a encetar contactos com outras organizações no sentido de reforçar o número de parceiros.
A autarquia espera ter a candidatura fechada dentro de 2 a 3 anos para ser remetida à UNESCO.

(Radio Pax)

29 de dezembro de 2015

O "nosso" homem na UNESCO é alentejano...

Alentejano antropólogo, filho de pastores e pescadores, que coordenou as duas últimas candidaturas à UNESCO, alerta que o país que Michel Giacometti percorreu nos anos de 1960 a 1980 em recolhas etno-musicais já não existe. Quem detém este património está hoje circunscrito a lares e centros de dia.

Já lhe chamam “o nosso homem na UNESCO”. Paulo Lima, alentejano de Sines, 49 anos, antropólogo, descendente de pastores e pescadores, foi contemplado na classificação do fado em 2011 e do cante em 2014 e dos chocalhos em 2015. No fado, foi o autor de um estudo prévio e integrou a comissão executiva da candidatura.

Três anos depois coordenou a candidatura do cante alentejano a Património Cultural Imaterial da Humanidade. Em 2015, regressou como coordenador científico de um novo projecto, desta vez a arte chocalheira com a qual conquistou a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura e colocou Portugal como uma referência internacional na salvaguarda do património urgente.

Apesar da dimensão do sucesso, o antropólogo não se considera um homem com sorte porque, diz, a inclusão na lista do Património Imaterial da Humanidade implicou “muito esforço, e sobretudo capacidade em transmitir à organização das Nações Unidas as razões que fundamentaram os conteúdos das propostas apresentadas.”

E dá como exemplo a candidatura da arte chocalheira. Quando o comité de especialistas da UNESCO, classificou de “exemplar” a candidatura do fabrico de chocalhos, estavam consumidos na pesquisa do tema cerca de 15 anos.

Conta o tempo desde o início do século, quando passou por Alcáçovas para observar o trabalho de um chocalheiro chamado Penetra, o mais velho e o mais antigo na actividade. O momento ficou arquivado na sua memória motivando-o para o conhecimento mais profundo da arte. “Falei com ele para conhecer pormenores da arte e deu-me a observar esta coisa espantosa: agarrou, numa das mãos, um chocalho fabricado em chapa de ferro e na outra, um de latão. Ia batendo nas duas peças para ouvir o som produzido. Este homem está a pesar o som”, pensou.

Comprou casa em Alcáçovas, para onde foi viver com a família em 2009, e um dia, o aborrecimento e a falta de vontade na leitura conduziram-no a uma exposição sobre chocalhos do mestre Penetra “que hoje está num lar desligado da vida.”

Como não tinha muito que fazer no campo da investigação, decidiu prosseguir a pesquisa sobre a arte chocalheira. Procurou informação e numa primeira análise recebeu a indicação que não havia muitos elementos sobre o tema.

O caminho tinha de ser outro. Convidou um pequeno grupo de amigos para integrar uma equipa de cinco elementos “com um bom currículo” para desenvolver diversificadas funções. “O meu papel foi o de criar uma história e ser assim uma espécie de produtor da coisa”, refere Paulo Lima.

O trabalho mais exaustivo e alargado veio a revelar que afinal havia “montes” de informação sobre a tradição chocalheira. A indústria tinha começado em Alcáçovas nos meados do século XVIII e a equipa foi ao pormenor de descobrir os mestres que desenvolveram a arte na freguesia alentejana do concelho de Viana do Alentejo, desde 1750/60 até aos dias de hoje.

“Agora olhamos para um chocalheiro de Alcáçovas e sabemos qual a sua ascendência”, realçando-se a família Sim-Sim a mais antiga no desempenho da actividade. E, desta forma, a equipa conseguiu “inventariar o percurso histórico de quase duas centenas de fabricantes de chocalhos, os negócios que as famílias fizeram durante décadas, as suas estratégias económicas e de vendas, só em Alcáçovas” salienta o antropólogo.

O tema era tão importante para os investigadores que solicitaram em 2009, à Câmara de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas, apoio para a apresentação de uma candidatura da arte chocalheira a Património Imaterial da Humanidade, mas a proposta encontrou fraca receptividade. “Quando em 2012 avançámos com a candidatura não tínhamos apoios financeiros para os chocalhos” e a equipa foi obrigada a pagar do “próprio bolso” os encargos iniciais da investigação. Após muitos esforços o único organismo que deu apoio e um quadro de promoção foi a Entidade Regional de Turismo do Alentejo, sobretudo o empenho do seu presidente, Ceia da Silva.

No entanto, o caminho não foi fácil pelas reservas que a proposta levantava nas entidades às quais solicitavam apoio. “Levava um chocalho e as pessoas riam-se. Está a trabalhar nessa coisa?”, perguntavam-lhe com demasiados sobrolhos franzidos. Naquele ano ainda havia alguns produtores de chocalhos. “Hoje existem apenas dois, um em Alcáçovas e outro no Cartaxo” constata o antropólogo.

(Público)